Foto: Wilker Mattos/Prefeitura de Limoeiro

A comunidade católica de Limoeiro participou ativamente da abertura da Causa de Beatificação e Canonização de Padre Luís Cecchin, promovida na noite da última terça-feira (6), durante dois momentos. No primeiro, o bispo da Diocese de Nazaré, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, celebrou missa na Igreja Matriz da Paróquia de São Sebastião, onde o corpo do sacerdote está sepultado. Em seguida, na sede do Instituto Padre Luís Cecchin (IPLC), as Dioceses de Nazaré e de Treviso (Itália) realizaram a Sessão Pública de Abertura da Causa de Beatificação e Canonização do religioso, que, apesar de ter nascido na Itália, recebeu títulos de cidadania pernambucana e limoeirense como reconhecimento pelas décadas de serviços prestados ao povo brasileiro.

De acordo com o Bispo, dois grupos, também chamados de comissões, foram formadas para conduzir o processo em solo brasileiro: Tribunal Diocesano Eclesiástico para Causa e Comissão para História. Durante o ato, todos os componentes indicados pela Diocese para o Tribunal Diocesano prestaram juramento de fidelidade e segurança das informações que serão colhidas sobre Padre Luís Cecchin. Dom Francisco detalhou que todos os depoimentos e testemunhos dados pelas pessoas, as entrevistas concedidas pelo padre, as homilias que ele pregou nas celebrações eucarísticas, entre outros pontos, a exemplo da bibliografia, serão transcritos para o papel e, depois, organizados em um formato de caderno, para que seja realizada outra solenidade, que será a de encerramento da Fase Diocesana.

“Tudo o que for colhido será encadernado. Vamos marcar a data (da solenidade de encerramento da fase no Brasil) para, depois, deixar o material em Roma (sede da Igreja Católica Apostólica Romana). O processo inicial era o Vaticano ter o conhecimento (da Causa) e saber se permitiria ou não. Ela permitiu. Nós fazemos agora esse trabalho. Depois, vamos à Itália para entregar. A Igreja vai fazer outras comissões lá para verificar todo o que foi feito, uma Comissão Teológica, por exemplo, e depois poderá pedir algo mais. Esse é o caminho. Não é rápido, é um caminho que leva tempo. Essa Fase Diocesana levará alguns meses, mas, se Deus quiser, caminhará”, explicou Dom Francisco, que tem empenhado esforços para o andamento contínuo dos trabalhos.

Foto: Wilker Mattos/Prefeitura de Limoeiro

Dos muitos nomes que serão ouvidos pela Comissão para História, cada um deles detalhando experiências de fé que tiveram com ou pela intercessão de Padre Luís Cecchin, segundo Dom Lucena, dois, de sete bispos, já foram ouvidos. Leigos e leigas, padres, pessoas que conviveram com o religioso italiano, seja nas paróquias de Chã de Alegria e de Limoeiro, no IPLC ou nos movimentos sociais voluntários, também terão espaço de depoimentos e testemunhos para o catálogo que será enviado a Roma. “Em cento e seis anos de Diocese (de Nazaré da Mata), essa é a abertura da primeira Causa”, contou o Bispo. “E acredito que não pegarei outra”, completou em tom de simpatia – mas assegurando a importância religiosa e história do momento para a comunidade católica.

Pároco da Paróquia de São Sebastião, entidade religiosa criada a partir dos esforços encabeçados por Cecchin, já que o local anteriormente era uma capela pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Apresentação, padre Ícaro Lima é um dos integrantes da Comissão Histórica. “Minha função é analisar as entrevistas, os históricos e os testemunhos de fé das pessoas e entrevistar outras que chegarem para dar testemunhos de vida por uma Graça alcançada pela intercessão do Servo de Deus Padre Luís Cecchin”, explicou Ícaro. “Vamos trabalhar em silêncio, escutando as pessoas, analisando os documentos que já temos para que, se Deus quiser, dentro de alguns anos, essa Causa seja concluída com aquilo que o povo espera, que é a santidade do Padre Luís”, completou o pároco.

Padre Osmair Collazziol atua como pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, responsável pela área onde ficam as instalações do IPLC. Ele foi um dos enviados a Limoeiro há quase 11 anos, pela Comunidade dos Pobres Servos da Divina Providência, para coordenar a continuidade dos diversos serviços religiosos, educacionais e sociais oferecidos gratuitamente pelo Instituto fundado por Padre Luís Cecchin há 52 anos – à época, denominado Centro de Formação de Menores – com o objetivo de oferecer cursos profissionalizantes a famílias limoeirenses em situação de vulnerabilidade social. Osmair tem dado importante contribuição para que o processo da abertura da Causa de Beatificação e Canonização do religioso italiano se tornasse realidade.

Foto: Luís Francisco Prates/Prefeitura de Limoeiro

“São vários anos que estou em Limoeiro. Já vai para onze anos e, sempre envolvido na Paróquia e também na caminhada do Instituto. Ligado também com a AVATEM (Associação Veneta Amigos do Terceiro Mundo), com os amigos e com toda a Igreja. Foi um momento emocionante, seja a celebração na Paróquia do Alto (de São Sebastião), seja aqui no Instituto, esse lugar santo e abençoado de onde partiu toda essa caminhada da abertura do Processo. Grande dom de Deus, essa unidade, justamente na fé do Padre Luís, com seu testemunho de amor e de caridade a toda pessoa humana, principalmente aos pobres. Um dia de fé e alegria, uma dia nós como família, sociedade de Limoeiro, louvamos a Deus e colocamos como modelo o testemunho da nossa caminhada e da nossa missão”, comentou Osmair.

O prefeito de Limoeiro, Orlando Jorge, acompanhou os dois momentos que marcaram a abertura da Causa de Beatificação e Canonização de Padre Luís Cecchin. O gestor municipal utilizou a palavra “unanimidade” para descrever a importância das ações do religioso durante vários anos no município. “Um momento histórico, um momento de grande religiosidade e de muito fervor em nome daquele que a gente considera unanimidade em Limoeiro. Padre Luís viveu cinquenta anos aqui, fundou nosso Centro de Formação de Menores, que emancipou muitas crianças. Elas foram transformadas em empresários bem sucedidos e cidadãos felizes pelas mãos e pelo amor dele”, ressaltou Orlando, enaltecendo a continuidade dos trabalhos pelo religioso iniciados, agora como Instituto Padre Luís Cecchin.

O gestor fez menção à parceria firmada entre a Prefeitura de Limoeiro e o Instituto, inclusive, sendo uma das primeiras ações da gestão atual. “Quando assumimos a Prefeitura em 2021, uma das primeiras providências foi fortalecer essa parceria que já existia, mas que era tímida. Avançamos nas parcerias, tanto nos recursos humanos como no apoio inconteste a todas as ações profissionalizantes que o Instituto desenvolve com as crianças de Limoeiro. Nos sentimos honrados de estar vivenciando e escrevendo essa página junto com a Igreja Católica, onde iniciamos em seis de fevereiro de dois mil e vinte e quatro a abertura da Causa de Beatificação e Canonização de Padre Luís Cecchin”, pontuou o prefeito, que ainda fez um agradecimento público a todos os benfeitores brasileiros e italianos do IPLC.

Foto: Luís Francisco Prates/Prefeitura de Limoeiro