Cartaz de divulgação do filme “Cabeça de Nêgo” em Limoeiro (Arte: Secretaria Executiva de Imprensa e Comunicação/Prefeitura de Limoeiro)

Na noite da última sexta-feira (10), por meio de parceria entre a Prefeitura Municipal de Limoeiro.e a Rede de Cinema Negro, o Centro Cultural Ministro Marcos Vinícios Vilaça foi palco da exibição, de forma gratuita, do filme “Cabeça de Nêgo”. Escrita e dirigida pelo artista brasileiro Déo Cardoso e aclamada na Mostra Cultural de Tiradentes/MG em 2020, a trama aborda o combate ao racismo e a busca por transformações no sistema educacional do Brasil.

Na narrativa, um jovem chamado Saulo se inspira nos Panteras Negras, antigo partido antirracista dos Estados Unidos, para provocar profundas mudanças na escola onde estuda e no bairro onde mora. A difusão da obra, cuja classificação indicativa é de 14 anos, está liberada pelo órgão regulador de cinema do país, a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Representante da gestão municipal na articulação para a chegada do filme à cidade de Limoeiro, a secretária de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Dolores Carmen, destaca que a iniciativa permite ampliar discussões acerca da construção social do Brasil e, ao mesmo tempo, coloca em evidência o Cinema nacional. “A parceria teve em vista colocar em pauta temas importantes como a luta contra a discriminação racial e o protagonismo do povo negro na busca por uma sociedade mais justa, assuntos que devem ultrapassar o Dia da Consciência Negra. Além disso, tivemos a oportunidade de prestigiar um filme brasileiro. Um dos nossos planos é realizar exibições de Cinema na Secretaria de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude”, comenta.

O historiador Júnior Correia, que leciona na Escola Estadual Ginásio de Limoeiro, aponta que a obra é destinada a centros culturais, comunidades e periferias. Além disso, existem planos para que mais filmes desse gênero sejam exibidos na Princesa do Capibaribe. “O filme ‘Cabeça de Nêgo’ é iniciativa de um grupo que vê o cinema e a arte como instrumentos de denúncia social. Ele foi gravado em Fortaleza, capital do Ceará, e discute o racismo e as desigualdades que permeiam o nosso país. Então, é momento de debater e refletir sobre essas temáticas e, consequentemente, tentar transformar a sociedade. Agradeço à Prefeitura e à Secretaria de Cultura por terem abraçado a causa. Queremos transformar este espaço em um cineclube aberto ao público, com o objetivo de difundir produções com temáticas sociais”, afirma.

Técnico de Educação Quilombola da Gerência Regional de Educação do Vale do Capibaribe (GRE Vale do Capibaribe), o historiador João Monteiro assistiu ao filme no Centro Cultural Ministro Marcos Vinícios Vilaça. O professor lembra que a exibição de “Cabeça de Nêgo” coincide com o Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado em 10 de dezembro. “Trata-se de um filme que reflete a nossa realidade, tanto nas capitais quanto nos interiores. Ele vem em um momento interessante, para estimular professores e estudantes de escolas municipais, estaduais e particulares a terem debates sobre o racismo e a necessidade de eliminá-lo na nossa sociedade. Essas discussões pertencem a todos os cidadãos, sem exceção. Todo mundo tem que mergulhar nessa reflexão. O povo negro não pode mais ser excluído nem invisibilizado no nosso país”, reforça.