Foto: Vinícius Emanuel/Prefeitura de Limoeiro

“Irmandade, Religião e Sociedade: Viver é se ancestralizar”. Com essa temática, a 8ª Caminhada das Águas de Oxalá de Limoeiro tomou as ruas da cidade na tarde do último domingo (14), com o objetivo de enfrentar o racismo, o preconceito e a intolerância religiosa. Por mais um ano recebendo o apoio da Prefeitura de Limoeiro, o evento reuniu representantes de religiões de Matriz Africana, de diversas denominações religiosas e da sociedade civil, além de representações dos Poderes Executivo e Legislativo do município.

Concentrados na Academia da Saúde do Bairro do Juá, ao som do Projeto Música na Terra Amada – iniciativa sociocultural da Secretaria Municipal de Educação e Esportes -, os participantes enfatizaram, durante os discursos, a importância da cultura de paz e da integração social em todos os setores. Em seguida, a caminhada percorreu trecho da Rodovia PE-50, a Avenida Jerônimo Heráclio, a Praça do Horto Florestal e a Rua da Alegria, até chegar à Rua Barão de Bonito, local da sede do Comitê Egbé Axé Limoeiro, um espaço de preservação das culturas de Matriz Africana.

O coordenador geral do evento, Pai Àlábíyí Pereira, reforçou que as atitudes em busca do bem comum devem ser constantes. “Devemos refletir, não apenas nesse dia, mas durante todo o ano, qual o sentido do termo irmandade, qual o sentido de professar uma fé religiosa, qual o sentido de viver em sociedade. Em 2024, precisamos nos curar da doença chamada hipocrisia. Que tipo de irmandade é essa que nós tantos falamos que todos somos irmãos e você exclui o outro, você nega o outro, você não se incomoda com a desigualdade social, com o racismo, com a pobreza do outro?”, alertou.

Foto: Vinícius Emanuel/Prefeitura de Limoeiro

Além da musicalidade da Banda Marcial Doutor Sérgio Magalhães, da Escola Municipal Salomão Ginsburg, uma das componentes do Projeto Música na Terra Amada, a 8ª Caminhada das Águas de Oxalá de Limoeiro também contou com recital de poesia de terreiro e compartilhamento de vivências de respeito e de integração entre representantes de várias religiões praticadas na cidade. “Durante todo o trajeto, nós cantamos para as divindades iorubás, para os orixás. Também paramos para fazer falas de empoderamento e falas antirracistas”, ressaltou Pai Àlábíyí.

O educador Cléber Oliveira, professor da Rede Municipal da Vitória de Santo Antão, foi um dos convidados para o encontro. Ele declamou poemas de autoria própria. “Chama-se ‘Poemas e Oferendas’. São poemas que trazem a relação do Orixá com a natureza, destacando suas características, suas trajetórias particulares, e fazendo com que os poemas se transformem num verdadeiro louvor ao sagrado e à natureza”, detalhou o professor, que também mencionou a presença do Comitê Egbé Axé Limoeiro como fundamental para Limoeiro e Região dentro de um trabalho de preservação e continuidade dessa cultura.

Presente ao evento, o prefeito Orlando Jorge participou ativamente da programação e renovou o compromisso da gestão municipal com uma sociedade laica e democrática. O gestor enalteceu a bandeira do respeito e da unidade, reforçando que o olhar do poder público deve ser igual para todas as ações e atividades. “Quero parabenizar o Comitê Comitê Egbé Axé Limoeiro pela brilhante iniciativa. Estamos juntos na missão de construir uma sociedade onde prevaleçam a liberdade religiosa, a fraternidade, o amor, o respeito e o antirracismo”, pontuou Orlando.