A receita dos confeitos de festa mostra castanha e erva-doce torrada em açúcar fervente (Foto: Luís Francisco Prates/Prefeitura de Limoeiro)

Estes deliciosos doces sempre estão à venda nas principais festas religiosas do Município de Limoeiro e do Estado de Pernambuco. Muito mais do que uma tradição herdada da colonização portuguesa, os confeitos de festa são uma das maiores referências gastronômicas e culturais de Limoeiro.

Registrada em um manuscrito quinhentista atribuído à Infanta Dona Maria, neta do Rei Dom Manuel I, a primeira receita conhecida de confeitos mostra que a produção envolve erva-doce torrada em açúcar fervente. Inicialmente associada às classes mais abastadas da sociedade portuguesa, esta iguaria se estendeu às demais classes sociais ao longo do século XVII, a partir da difusão do uso do açúcar na Europa, reflexo direto da invasão europeia ao continente americano. Os confeitos chegaram ao Brasil por meio das caravelas do Reino de Portugal que eram encabeçadas por Pedro Álvares Cabral e desembarcaram no litoral brasileiro no ano de 1500.

Produção do confeito de festa concede caráter artesanal à iguaria (Foto: Luiz Pereira Neto/Prefeitura de Limoeiro)

Em Limoeiro, município emancipado politicamente há 210 anos, um dos principais produtores de confeito de festa é o Coletivo Dona Maria do Confeito, originário da comunidade rural de Gameleira. Liderado pelos filhos da Senhora Maria José de França, o grupo atua na área há mais de 60 anos. “Maria do Confeito fez questão de conservar os ingredientes, os modos de produção e os sabores do confeito. Ela era uma verdadeira guardiã desta tradição aqui em Limoeiro”, destaca Maciel França, filho de Dona Maria e integrante do coletivo.

Este verdadeiro patrimônio imaterial da Terra Amada está presente não só nas festas religiosas, mas, sobretudo, na memória afetiva dos limoeirenses. O açúcar, a castanha e os canudos de papel carregam a história e o sentimento de um povo. “Vale destacar que os confeitos são feitos à mão, o que lhe dá o status não somente de alimento, mas de produto artesanal. Por isso, luvas não são utilizadas na produção”, completa Maciel.

Coletivo Dona Maria do Confeito é originário de Gameleira, Zona Rural de Limoeiro (Foto: Luiz Pereira Neto/Prefeitura de Limoeiro)